Fez na Quarta-feira 7 meses...

... que tu partiste, para não mais voltares, e sabes pai, desde que partiste ouvi muitas teorias sobre como o tempo iria curar a dor do vazio que deixaste em mim, mas sabes pai é tudo uma mentira descarada, desde aquele dia em que nos ligaram do hospital a dizer que a tua hora tinha chegado, que a saudade não parou de aumentar, a dor da perda cresce de dia para dia, desde essa data que sonho quase todas as noites contigo e vejo-te sofrer, a braços com aquela doença maldita que te enfraqueceu e te levou de mim.

Continuo a ouvir os teus gritos de dor, esses estão gravados em mim como uma brasa a escaldar, custa tanto pai, não bastou ver-te a sofrer durante meses numa cama de hospital, ver-te a definhar a olhos vistos.

Essa malfadada doença não te levou só a ti pai, levou com ela muito do que eu acreditava, eu costumava acreditar em deus, tu sabes eu até tentava que tu também acreditasses, mas talvez tivesses razão quando dizias que ele não existe, e se existe está-se nas tintas para nós, tu não merecias tanto sofrimento, para morrer não é preciso tanta dor, sempre foste um homem bom, honesto, trabalhador e devoto à família, não merecias, não merecias! E agora não me venham dizer que os desígnios de deus são insondáveis, e que ele escreve direito por linhas tortas, para o inferno com ele, onde é que ele estava quando agonizavas, onde é que ele estava enquanto gritavas de dores, tretas ele não existe ou não quer saber de nós!

Pai hoje é o teu dia, feliz dia, amanhã vou-te levar flores brancas, dizem que trazem paz, e assim espero que estejas!

Um beijinho do teu piolho electrónico, AMO-TE PAI!